Que a quantidade de casos de pessoas com Alzheimer tem aumentado, isso é bastante evidente. Em duas décadas, digamos, as demências tornaram-se um problema muito sério e representam uma crise social. Dentro desse mesmo contexto, temos a oportunidade de experimentar o aumento da expectativa de vida da população.
Será que, invariavelmente, todo mundo vai ter Alzheimer um dia?
Essa é uma pergunta muito boa! Hoje sabemos que a quantidade de casos de Alzheimer e de outras formas de demência – desse conjunto – cresce na medida em que envelhecemos: de 1 % aos 65 anos, a prevalência salta para mais de 30% aos 80 anos. Faltam alguns estudos mais atualizados, mas estimasse que a maioria daqueles que alcançaram os 100 anos no Brasil tenha alguma forma de demência.
Esse assunto é todo intrincado, pois, além do Alzheimer, temos outras doenças que causam demências e que também acabam sendo mais comuns na medida em que os anos passam, como os danos vasculares e o acúmulo da proteína TDP43.
Dessa forma, poderíamos responder que sim: é provável que todos tenhamos ou Alzheimer ou outra forma de demência caso consigamos chegar aos 100, 110 ou 120 anos de idade. Porém, alguns pontos em aberto não possibilitam ainda que essa resposta seja exata. Temos, por exemplo, muitos casos de pessoas que passam dos 100 anos e preservam sua cognição. Além disso, há um desenvolvimento incrível de pesquisas nas áreas de memória, Alzheimer, diagnósticos e tratamentos. Quem sabe medidas preventivas mais eficazes surjam nos próximos anos, ou mesmo tratamentos revolucionários venham para mudar essa tendência.
Pode ser que tenhamos as lesões do Alzheimer, mas que, com alguma intervenção, consigamos manter nossa capacidade cognitiva – quem sabe. Até que as boas notícias cheguem, cabe a cada um de nós cuidar de si e manter o cérebro e o coração saudáveis.