Passei anos atendendo pessoas doentes, com excesso de peso e dificuldades em lidar com o problema. Ao longo desse tempo, fiz uma observação muito dedicada. Tinha muito a observar, afinal de contas, ouvi centenas de histórias. Procurei conhecer o que lhes motivava, quais eram suas expectativas e, principalmente, o porquê fracassavam nas repetidas tentativas. Vi muitas pessoas motivadas perderem seu ânimo e sentindo-se ainda piores após tentarem emagrecer. Imagine só: ouvi de pacientes o relato que quando me encontravam na rua fugiam para que eu não os visse, tamanha era a vergonha por não emagrecerem. Percebi sentimentos como culpa, baixa autoestima e injustiça.
Muitas vezes me perguntei: o que os médicos e os nutricionistas estão oferecendo para essas pessoas? Vamos simplesmente deixar essa epidemia de obesidade se alastrar e trazer ainda mais tristeza?
Não, não são pacientes fáceis. E a obesidade é complexa demais.
Sendo grande parte dos pacientes indisciplinados e desmotivados, o que precisam, você pode pensar, é de um choque, de um empurrão – ou, o que não gosto nem um pouco de ouvir, de um susto. Será? Pode ser que para alguns isso possa até funcionar. Há aqueles que de uma hora para outra resolvem seguir uma dieta, fazer exercícios e conseguem emagrecer. Mas para 99%, a meu ver, o que realmente pode mudar suas vidas é o despertar para a responsabilidade pessoal.
Para chegar nesse ponto de mudança, essas pessoas, que estão sofrendo inconsciente ou conscientemente, precisam de um médico disposto a lhes ouvir e capaz de fazer diagnósticos corretos. Precisam de aulas que lhes trarão conhecimentos para que construam competências e os tirem da rotina e da solidão que a doença lhes empurra. Precisam de um plano alimentar simples, de equilíbrio de suas vitaminas, minerais e hormônios. De medicamentos escolhidos com precisão.
Por que não tentar uma reeducação alimentar de verdade, intensiva, e usar todos os recursos disponíveis?
Engajamento. Oportunidade. Senso de propósito em cada passo dado. Acredito que se pode oferecer isso.
São pessoas cansadas de ilusões.
Por isso, resolvi criar minha própria forma de tratar a obesidade e promover um estilo de vida saudável aos pacientes que me procuram. Busquei numa formação interdisciplinar com especializações em nutrologia, geriatria, educação e liderança abordagens para auxiliar pacientes que buscam retomar ou conquistar definitivamente saúde e equilíbrio.
Quais são os nortes do tratamento:
- Visão de que o sobrepeso e a obesidade são condições complexas, com múltiplas etiologias, ou seja, causas e perpetuadores;
- Foco no reequilíbrio do estilo de vida, começando pela reeducação alimentar intensiva através de consultas médicas frequentes e, principalmente, aulas em grupos;
- Utilização de princípios nutricionais estabelecidos e técnicas cientificamente testadas;
- Emprego de estratégias cognitivas-comportamentais;
- Avaliação da composição corporal por método de bioimpedância.
Dentro das diferentes abordagens para o tratamento do sobrepeso e obesidade, considero que a ideal deveria contemplar os seguintes aspectos:
- Disciplina
- Buscar Resultados Perceptíveis
- Educação Alimentar e em Saúde
- Considerar Aspectos e Doenças Psicológicas, especialmente Transtornos Alimentares
- Contemplar Comorbidades Metabólicas (Doenças Associadas)
- Aproximar Médico e Paciente
- Socialização
- Preservação de Individualidades
- Usar Recursos Disponível Sempre com Segurança
- Custo Dimensionado
- Flexibilidade
- Supervisão por Especialista
- Ser Longitudinal
Por fim, há de se contar com o desenvolvimento de uma relação precisa entre os profissionais e os pacientes. Não há fórmulas ou características engessadas para esse tipo de relação. Não se deve ser rígido demais, muito menos passivo frente a uma situação de recaída ou de novo fracasso. A obesidade é uma doença muito complexa e reflete, na maioria dos casos, desajustes psicológicos que precisam ser encarados também com abordagens complexas, estratégicas e sempre humanistas.
Ajudar uma pessoa que busca tratar a obesidade, para mim, é uma forma de ajudá-la a se reencontrar, se reorganizar e a ter uma vida mais plena.
É possível.
Atendo no consultório uma senhora de 82 anos que perdeu 22 quilos em um ano. Hoje, com 117 quilos, ela já não sofre mais com dores diárias em seus joelhos e voltou a fazer trabalhos domésticos. Ela conseguiu.
A cada dia, mais pessoas corajosas, têm me mostrado isso: é possível.
Um grande abraço,
Leandro Minozzo – Médico Nutrólogo
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Sugestão de leitura: As Virtudes Necessárias para o Emagrecimento