Quando falo sobre estatísticas a respeito do envelhecimento, frequentemente importo a expressão “silver wave”, que remete à onda prateada, aos cabelos grisalhos que cada vez mais ganham espaços. Já não é apenas em hospitais que os donos de valiosas cabeças prateadas chamam a atenção, estão frequentemente em cinemas e teatros, ou assinando cheques e digitando a senha do cartão em diversos estabelecimentos comerciais.
No Brasil – um dos países onde esse fenômeno poderia ser promovido à categoria de tsunami – são 800 mil novos idosos a cada ano. Pense bem o significado desse número… trata-se de um desafio enorme. Que Copa do Mundo. Que Jogos Olímpicos de 2016. O grande desafio para nossos líderes, e para nós, é o envelhecimento da população. Ao contrário dos 500 mil turistas que nos visitarão por apenas um mês durante a Copa, os 800 mil idosos se somarão aos já mais de 21 milhões, e demandarão cuidado por muitos anos, em média pelo menos mais 20. Eles precisarão de cuidados em saúde, assistência social, lazer, renda e, principalmente, educação.
Em meio a essa situação, dois aspectos tornam as carreiras voltadas à terceira idade extremamente promissoras. O primeiro, diz respeito à enorme carência atual no atendimento aos idosos. Só a título de exemplo, faltam mais de 5 mil geriatras em nosso país. E números parecidos são encontrados quando falamos em psicólogos, educadores físicos, fisioterapeutas, advogados especializados entre outros. Além disso, a perspectiva é que essa carência aumente, devido à vigente formação insuficiente de recursos humanos.
O segundo aspecto abrange o perfil dos idosos e a tendência que, a cada ano, se tornem ainda mais ativos. Hoje, assistimos à primeira geração de idosos socialmente ativos. Eles cruzam o Brasil fazendo turismo, gerenciam empresas, escrevem nos principais jornais e namoram muito. Se você por vezes se assusta com tamanha atividade dos idosos, prepara-se para as próximas gerações. Elas serão de idosos ainda mais ativos. Com isso, demandarão profissionais ainda mais qualificados, capazes de suprir suas crescentes necessidades.
Ao analisar qualquer lista de profissões do futuro, frequentes em revistas e periódicos sobre negócios (Revista Exame, CNN e USMoney), sempre há destaque para as carreiras voltadas à terceira idade. Diversas profissões já existentes terão uma demanda aumentada, como médicos, psicólogos, fisioterapeutas, educadores físicos, nutricionistas, profissionais da área de turismo e de cuidado em asilos, por exemplo. Ao passo que outras surgirão ou ganharão destaque, como consultor de aposentadoria, consultor para escolha de planos de saúde, gerenciador de cuidados para idosos e especialistas em reabilitação cognitiva.
Além de questões financeiras e de possibilidade real de crescimento, cuidar e atender idosos têm suas gratificações especiais. Uma delas é o respeito por eles demostrado e outra é a percepção clara do resultado da tua ação.
Hoje, falei para um grupo de universitários no interior do Paraná. O objetivo era justamente despertar o interesse para o estudo e pesquisa no campo da terceira idade. Acho interessante lembrar que a maioria dos universitários respira um desejo de ajudar os outros, ou de alguma forma fazer algo significante para o mundo – sentimento latente que permanece em muitas pessoas mesmo com o passar dos anos, após alcançarem a estabilidade financeira.
Se há alguma população que carece muito desse espírito jovem transformador, capaz de trabalhar e estudar para deixar algo significativo, ela é a terceira idade. Um campo promissor, carente e apaixonante e que está em aberto em nosso país.
Abraços, Leandro
